(desde então, o resumo do tse foi atualizado, subindo de umas 24.500 candidaturas para 27.600. contudo, os resultados não mudam muito, é só imaginar tudo um pouco mais pra cima)
no gráfico, o principal destaque é que partidos grandes, como pt, mdb e psdb recuaram bem esse ano, enquanto alguns poucos partidos médios e pequenos aumentaram suas candidaturas. duas hipóteses surgiram para explicar esses movimentos: 1) maior seletividade dos partidos grandes, que precisam gerir melhor seus fundos partidários no novo cenário de financiamento, e 2) uma maior evasão dos partidos tradicionais pós-lava jato. o que se segue é uma análise mais detalhada da movimentação inspirada por essas hipóteses, e para ter uma primeira ideia de como ficará a câmara após as eleições. (obs: toda a análise abaixo é focada em deputados federais.)
primeiramente, a movimentação total, quebrada em 4 tipos: saída da disputa (que inclui quem passou a disputar outros cargos, como deputado estadual, governador etc.), emigrações/imigrações partidárias, e novos entrantes. abaixo ela está tanto em número de candidaturas quanto em contribuições percentuais de cada movimentação para a variação total (color-coded para facilitar a análise):
a primeira coisa que salta aos olhos é a altíssima rotatividade de candidatos, com quase 90% saindo de uma eleição para outra. se você suspeita que isso tem a ver com desempenho nas urnas e com vantagem dos eleitos, parabéns, é isso mesmo:
voltando à tabela, algumas conclusões:
- a contribuição % de saída dos partidos não varia tanto, sendo os novos entrantes os responsáveis pelas diferenças;
- a falta de atração dos partidos tradicionais é o que determina suas quedas;
- como já era esperado, o centrão vem ganhando mais corpo;
- há um claro efeito bandwagon de candidatos presidenciais, tanto no psb em queda pós-2014 (eduardo campos), quanto na ascensão do psl (bolsonaro) e do podemos (alvaro dias)
(é, eu sei, os números não batem. usei o nome como referência para o cruzamento, dado que a base do tse com o cpf ainda não saiu, e candidatos homônimos acabam classificados de forma errada)
os números dos candidatos recorrentes mostram mais detalhes interessantes:
- ao contrário do que parecia inicialmente, eles também apresentam alta rotatividade;
- a emigração indica uma maior fidelidade partidária nos grandes partidos, ao contrário do que se supunha (pequenos partidos da esquerda também apresentam isso, vale notar);
- é na atração de candidatos recorrentes que os grandes partidos ficaram para trás. eles não entram no churn do centrão, mas também nada ganham dele;
- se a guinada pró-bolsonaro do psl trouxe muitos candidatos novos para o partido, também é verdade que teve um custo ao esvaziar as suas candidaturas já estabelecidas. com uma taxa de saída de 83%, foi a terceira maior evasão de todas.
- o centrão é o claro vencedor: dem, pp e pr crescem 5 pontos na simulação;
- o psb é um dos poucos partidos de esquerda/centro-esquerda que não ganhou espaço com a queda do pt, refletindo de novo o esvaziamento por ausência de candidato presidencial (1.1 pp da queda foi no estado do pernambuco);
- vem mais fragmentação por aí: se esses percentuais refletissem o voto total, o número efetivo de partidos subiria de 13.4 nas últimas eleições para 14.4 este ano. contrabalançando isso existe a claúsula de barreira: se assumirmos a hipótese extrema de que os partidos sem fundo partidário são incorporados a outros (seja por migração, incorporação ou fechamento), esse número caíria para 12.1. resta a ver qual vai ser a estratégia desses partidos após as eleições.
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